sábado, 22 de outubro de 2011

"No llores por las heridas, que no paran de sangrar"

Cristina Fernandez Kichner ganhará as eleições presidenciais deste domingo na República Argentina. Bem, tendo em vista que as pesquisas eleitorais apontam que Cristina tem, aproximadamente, 50% das intenções de voto, não é difícil afirmar que ela sairá vitoriosa do pleito presidencial.

"El amor despues del amor... despues del amor"

Segundo institutos de pesquisas econômicas, a inflação na Argentina está em torno de 25%. Esse número extraoficial parece estar mais perto da realidade, pois segundo o governo federal a inflação em 2010 teria sido de 10,9% anual. Embora a população argentina tenha voltado a consumir, entretanto a indústria local, defasada pela recessão, ainda não está pronta para atender à elevada demanda por produtos consumo duráveis, alavancada pelo crédito e pelas promoções.


O aumento da capacidade de consumo da população argentina é uma das variáveis econômicas que acelera a inflação no país vizinho. Certamente não são os únicos, mas é “bem recebida” por uma população que se envergonha em falar sobre os anos mais graves da crise econômica que assolou o país no início de 2001.

Passarela próxima à Faculdad de Derecho y Ciencia Sociales. Buenos Aires/Argentina

O que realmente preocupa os argentinos é a insegurança e não o dragão da inflacionário. O sentimento de medo toma conta do país e é impressionante, está em toda parte. Mesmo em regiões centrais de Buenos Aires, a todo momento algum comerciante ou motorista de táxi alerta sobre os perigos, sobre os roubos e infortúnios que podem acometer um turista, e aconselha a esconder a máquina fotográfica sempre, bem como demais objetos de valor.

Mar del Plata/Argentina

A morte de Néstor Kirchner, em 27 de outubro de 2010, transformou Cristina em uma espécie de “Evita pós-moderna”, fato este adorado pela população. Camisetas são impressas com os dizer “Peronismo puro; Kirchnerismo al palo”. Frase que atesta a herança política populista do atual governo e que é bem utilizada politicamente pela atual presidente e candidata argentina.

A presença de Evita. Av. 9 de julio. Buenos Aires

Há algo um tanto quanto messiânico cristão em tudo isso e em um país de maioria católica, com certeza isso converte-se em votos “kirchneristas”. Cristina é a “ressurreição” de Eva Péron, mas agora veio cumprir a promessa de conduzir os argentinos ao paraíso material.

Será Cristina a "reencarnação política" de Evita?

A cultura argentina venera a tragédia, não é por acaso que o tango é um dos expoentes máximos culturais e que o cemitério da Recoleta, em Buenos Aires, é um dos principais pontos turísticos da capital. Fato interessante, é que os apartamentos localizados nos arredores do famoso cemitério valem mais aqueles que têm suas janelas direcionadas para o interior cemitério turísitco, tendo uma vista privilegiada dos enormes e vistosos mausoléus, que realmente são de impressionar pela beleza das esculturas que os adornam. Gosto esse bem mórbido para os padrões culturais brasileiros.

O Puerto Madero, em Buenos Aires, é um dos símbolos da recuperação econômica do país

"Sí, soy de barrio obrero"

Para o Brasil, a manutenção do “kirchnerismo” na Argentina é positivo, pois essa linha política reconhece a atual superioridade econômica da República Verde-Amarela, e apesar de alguns discursos vazios de empresários que se sentem prejudicado com seu gigante vizinho, que exibe um robustez econômica invejável, o discurso oficial é pelo estreitamento de laços políticos, culturais e econômicos com o Brasil. Logo que, os argentinos demoraram, mas agora são obrigados a reconhecer que aquilo que é bom para o Brasil, é bom para a América do Sul.