quarta-feira, 18 de janeiro de 2012

Parque Nacional Torres del Paine - Puerto Natales/Chile

A história não é das mais originais. Novamente, um amigo com algum tipo de problema emotivo, a velha lamúria de sempre de querer dar umas voltas pelo mundo para esquecer-se dos “problemas”, da bela empreitada amorosa que não teve um futuro exitoso, da garota que não atende mais ao telefone, mas que agora descansa nos braços e abraços de outro homem. Bem, como mochileiro de primeira hora e amigo acima de tudo (till the Gates of Hell) é meu telefone que sempre toca nessas horas, sempre fora do horário comercial.
A direção da aventura? Pouco importa nessas horas, pois o importante é estar ao lado de quem você confia. Essa era a minha visão, até ter que caminhar mais de 30 Km em trilhas sinuosas e íngremes, saltar sobre pedras até torcer o joelho e ainda ter que voltar caminhando machucado por mais de 10 Km. É após essa aventura alguns conceitos pessoais devem que ser revistos. Ou não.
Destino inicial previsto. Atenção para a palavra “previsto”. Parque Nacional Torres Del Paine, na cidade de Puerto Natales, na bela e hospitaleira República do Chile.
Uma das propostas desse blogueiro errante será a partir de agora também dar algumas dicas para mochileiros perdidos, sendo assim serei mais minucioso em algumas descrições logísticas e valores de hospedagem e transporte.
Saindo do Brasil por Porto Alegre/RS, o viajante desembarcará em Santiago do Chile, onde há caixas eletrônicos para saques, com cartões Mastercard e Visa, em pesos chilenos. Normalmente, as taxas são melhores do que das casas de câmbio, logo vale a pena retirar o dinheiro nos “cajeros eletrônicos”. Antes da viagem é bom verificar se o cartão está habilitado para movimentações financeiras no exterior.
De Santiago até Punta Arenas a Sky Airline, empresa aérea chilena, oferecia passagens por 220 dólares. A viagem é um tanto quanto cansativa, tendo em vista que há uma conexão (Puerto Montt) e três escalas. Mas nada que um bom vinho chileno, servido a bordo da aeronave e uma boa cerveja Austral, não ajude o viajante superar essa dificuldade.
Para ficar mais barata a aventura vale a pena desembarcar em Punta Arenas e de lá pegar um ônibus até Puerto Natales. Entretanto, também é possível ir de avião desde Santiago até Puerto Natales. Além do que cabe destacar que Punta Arenas é área de Zona Franca, então para aqueles que como eu não têm equipamentos e roupas adequados para a prática de “trekking”, vale a pena fazer umas compras por lá. Em média os preços são 40% mais baratos do que no Brasil. Uma das maiores lojas é a Balfer, onde o mochileiro poderá encontrar todo equipamento necessário.
Em Punta Arenas, era o único lugar que teoricamente, tínhamos feito uma reserva em um albergue. Ao chegar no local, um garoto que mais se parecia com um integrantes do The Smiths, disse que a reserva não tinha sido realizada, meu companheiro de viagem não tinha cópia do email enviado para efetuar a reserva. Nesse momento, começamos a perceber uma das principais características dos chilenos: a educação, a honestidade e a prestatividade. O atendente imediatamente ligou para outro hostal e providenciou uma reserva para esses mochileiros errantes. Hostel Oasis, Calle O’Higgins 808 esquina Av. Colón (www.oasishostal.cl). Por 20 mil pesos chilenos ficamos em um quarto com três camas, com banheiro dividido, mas em excelente estado de limpeza. Um bom café da manhã. Ao contrário da maioria dos hostals, apesar de estarmos em dois, a dona não alugou a terceira cama, o que é bom tendo em vista a quantidade de “tralha” que se carrega nessas viagens.
Já na primeira volta por Punta Arenas, compramos nossas passagens para Puerto Natales, que custaram 4 mil pesos chilenos, pela Buses Pachecos. Na cidades que nós passamos no Chile, Punta Arenas e Puerto Natales, não havia rodoviária, sendo assim, o viajante deve procurar o endereço da empresa, onde geralmente é o local de saída/chegada dos ônibus. Buses Pacheco Av. Colón, 900,(www.busespacheco.com) Punta Arenas.
Para ir até a Zona Franca, buscamos um “táxi colectivo”. Um mecanismo interessante de transporte público desenvolvido pelos chilenos. Os táxis possuem linhas determinadas e para o passageiro custa “simbólicos” 350 pesos chilenos e levam até quatro pessoas cada veículo. A idéia era sair à noite em Punta Arenas e curtir uma balada na noite chilena, mas o cansaço da longa viagem falou mais alto e dormimos.
Como de regra, nas mãos apenas o completo Lonely Planet, chegamos na amistosa cidade chilena de Puerto Natales. Cidade fundada em 31 de maio de 1911. Situada a 51°43”39’ Latitude S. Na descida do ônibus fomos abordados por um senhor que oferecia vaga em um hostal, como bons brazucas desconfiados não aceitamos de primeira a oferta, falamos que tínhamos que comprar primeiro passagens para o Parque Nacional Torres Del Paine, e depois iríamos atrás de um hostal. Ele insistiu e até se ofereceu para levar-nos até o ponto de venda de tickets. Falamos que iríamos a pé. Saímos em busca da passagem para Torres Del Paine. Ao chegar na loja, o mesmo senhor que tinha nos abordado anteriormente estava lá. Decidimos abrir uma exceção e confiar no cara.
Valeu a pena o voto de confiança, pois ele nos levou para um hostal muito bom. Com um beliche no quarto, um banheiro privado e um bom café da manhã. Por apenas 7 mil pesos chilenos. (http://www.costapatagonica.cl).
Tendo em vista que o ônibus que iria nos levar até o Torres Del Paine só sairia no outro dia, decidimos curtir um pouco a cidade. O primeiro bar que teve a honra de nos receber foi “El Bar de Ruperto”. O bar tem um estilo próprio, com espaço para música ao vivo e um bom atendimento. Interessante que no local toca mais música latinoamericana de Pablo Milanés, Violeta Parra, Mercedes Sosa e Sílvio Rodriguez, o que me agradou.
Depois de tantas voltas e de algumas garrafas de vinho e da boa cerveja Austral, partimos para o desafio maior: conquistar Torres Del Paine. A entrada no parque custa 15 mil pesos chilenos (http://www.conaf.cl/parques/ficha-parque_nacional_torres_del_paine-39.html).
No local fomos informados sobre um incêndio que tinha começado no dia anterior, o que no momento impossibilitaria a visita ao Glaciar Grey. Pegamos nossas coisas, pagamos 2500 pesos chilenos para uma van nos levar até o Acampamento las Torres.
Nessa região, normalmente, anoitece por volta das 22:00h, sendo assim, armamos nossa barraca e já partimos para a primeira caminhada com destino ao “Mirador Las Torres”.
Para quem for levar uma máquina fotografia estilo SLR, recomendo uma objetiva 28-300mm, pois a versatilidade dessa lente é a mais apropriada, tendo em vista que o local oferece cenas próximas e distantes para o registro fotográfico. Também é interessante levar um saco plástico para proteger o equipamento, seja da chuva ou da poeira. Colocá-la em uma bolsa também é apropriado, mas há o risco de perder alguma imagem até a retirada completa do equipamento.
A caminhada entre o “Acampamento las Torres” e o “Mirador las Torres” tem 9 Km, e uma duração aproximada de 4,5 horas. De acordo com o guia informativo do parque é considerada uma caminhada de média dificuldade. É importante levar água e alguma coisa para comer, como barras de cereais e/ou frutas cristalizadas. Aproximadamente no meio do caminho tem o “Acampamento Chileno”, que vende bebidas e alimentos.
O trekking não é um esporte ou uma competição, ou seja, não há vencedores ou perdedores. O tempo é apenas uma estimativa, não uma meta. Sendo assim, é importante não tentar forçar a barra, senão o “caminhante” poderá estragar seu passeio e dos demais companheiros.
Já próximo ao final da trilha, um homem de aproximadamente 75 anos estava descendo, bem devagar e com a ajuda de seu filho. No caminho é possível encontrar pessoas de todas as idades, pois o mais importante não é a velocidade do percurso, mas sim a chegada e toda a contemplação da natureza ao longo do caminho, que é de encher os olhos e tirar o fôlego.